Um dos melhores fundistas portugueses de sempre, detém ainda o recorde europeu de Maratona, recorde que coroou a carreira de António Pinto, quase cem medalhas e o coloca ainda hoje nos holofotes internacionais. 

António Pinto nasceu na freguesia de Vila Garcia do concelho de Amarante e começou por se dedicar ao Ciclismo. Só aos 20 anos, em 1986, é que António Pinto trocou as bicicletas pela Atletismo e, dedicando-se inicialmente ao meio-fundo, revelou-se uma escolha acertada.

No dia do seu 21º aniversário, representou pela primeira vez Portugal num Mundial de Corta-Mato, em Varsóvia (Polónia). Ficou-se pelo 104º lugar e pouco satisfeito, vingou-se na pista alguns dias mais tarde, correndo os 10000m em 28:28.73. A sua rápida ascensão ao topo do meio-fundo nacional chamou o interesse dos grandes clubes, transferindo-se do Amarante para o F.C. Porto.

Em 1988, voltou a participar no Mundial de Corta-Mato, quedando-se pela 100ª posição mas teve como momento alto a participação nos Jogos Olímpicos de Seoul. Na final dos 10000m, Pinto atingiu o 13º lugar com 28:09.53. O seu melhor registo da época foi 28:01.00 feito três meses antes dos Jogos Olímpicos.

Em 1990, António Pinto classificou-se em 14º nos 10000m (29:00.00) dos Campeonatos Europeus em Split (Croácia) e em 35º no Mundial de Corta Mato disputado em Aix-les-Bains (França).

A sua primeira experiência na Maratona foi em 1991, correndo-a em terras italianas, Carpi, no tempo de 2:12:39. Seria nesta especialidade que António Pinto ganharia visibilidade internacional.

Duas semanas após ter-se classificado em 25º lugar no Mundial de Corta-Mato de 1992, Pinto estreou-se na Maratona de Londres. Para surpresa de todos, o atleta amarantino bateu toda a concorrência, triunfando com 2:10:02. Nesse mesmo ano, nos Jogos Olímpicos de Barcelona, era apontado como favorito às medalhas só que problemas físicos fizeram-no desistir.

Em 1994, Pinto voltou a vencer uma prestigiada Maratona. Desta vez, em Berlim bateu o record nacional de Carlos Lopes, colocando-o em 2:08:31. No ano seguinte, Pinto classificou-se em terceiro lugar na “sua” Maratona de Londres com o tempo de 2:08:48. Nos Jogos Olímpicos de Atlanta ’96, António Pinto voltou a sentir dificuldades, acabando a Maratona “apenas” no 14º lugar com o tempo de 2:16:41.

Em 1997, Pinto vence a Maratona de Londres pela segunda vez, correndo-a num novo record nacional com o tempo de 2:07:55. Sem dúvida que António Pinto tinha descoberto a sua especialidade mas a única medalha em grandes campeonatos foi ganha em pista, nos 10000m do Europeu de Budapeste (Hungria) de 1998. Os seus 27:48:62 na distância deram-lhe a medalha de ouro, que curiosamente foi a 100ª medalha da história do Atletismo Português. Nesse mesmo ano, bateu o record nacional dos 5000m em Zurique (Suiça). Correu-os em excelentes 13:02.86 destronando o tempo de António Leitão.

Em 1999, começou pelo 22º lugar no Mundial de Corta-Mato em Vilamoura. Duas semanas mais tarde, sentiu pela primeira vez o gosto de um 2º lugar na Maratona de Londres. E na pista bateu os records nacionais dos 3000m (7:41.33) e dos 10000m numa espectacular corrida em Estocolmo. O seu novo tempo de 27:12.47 (que foi record europeu na altura) em terras suecas fez encarar os Mundiais de Sevilha com um novo ânimo. Nessa cidade espanhola, classificou-se num honroso 5º lugar (28:03:42) mas ficará para sempre na memória o seu ataque destemido a 1km do fim, destroçando o pelotão da frente que levava, além de Pinto, 8 africanos.

Em 2000, António Pinto ganhou um lugar eterno entre os maiores nomes da Maratona, vencendo pela terceira vez a Maratona de Londres, num novo record europeu – 2:06:36. Meses mais tarde, nos Jogos Olímpicos de Sidney (Austrália), teve dificuldades com o clima, acabando a Maratona Olímpica no 11º lugar, com 2:15:17. Com 34 anos, Pinto não voltaria a representar Portugal em grandes competições.

Em 2001, novo pódio na Maratona de Londres. Com 2:09:36, ficou em terceiro lugar, atrás de El Mouaziz e do mítico Paul Tergat e em 2002, Pinto teve a pior classificação em 8 presenças naquela Maratona. Na estreia de Gebreselassie nas Maratonas, Pinto quedou-se pelo 7º lugar (2:09:10), mas não ficou desiludido. Estava com 36 anos e com dificuldades na preparação das épocas, tendo sido o seu último grande resultado em grandes provas. Aos 39 anos, foi convidado a participar nas “bodas de prata” da Maratona de Londres e já retirado, correu-a em 2:29:22.

Actualmente, António Pinto dedica-se à vinha na sua herdade, próxima de Amarante e é treinador na escola de formação de atletismo, na Associação Desportiva de Amarante.

Fonte: Atletas Digital